domingo, 1 de junho de 2008

te

- Eu dizia que o amor era uma doença fora de moda, menos contagiosa e manifestada muitas vezes pela boca com frases todas elas sinónimo de “é bom estar vivo”.

- Tu colocavas esses dedos esguios, essas estradas, olhar e talvez um ou dois contornos de cabelo, caracóis que eu sentia, como afinal a lua sempre existir.
- E desejavas

- Me

- Eu pensava vezes demais que a solução seria não pensar, ou apenas pensar em ser bicho e passar a sentir apenas, transformar-me em noção de epiderme, transformar toda a crosta terrestre numa certa dose de epiderme comprida e óssea. E amar-te como a única epiderme distinta dessa crosta. Puseste um dedo na chávena. Outro na minha boca. Passavas assim horas inteiras, ou minutos do tamanho de horas, tanto faz. Havia e conseguias surpreender-me no nascer inédito de tanta coisa impressa antes.

- Afasta agora as pernas. Toma.

- Eu dizia que talvez fosse tarde demais para voltar atras. E não sabia se devia gostar-me aflito ou satisfeito demais, de não me poder, por direito sentir nunca mais aflito.

- Tu reparavas em coisas súbitas surgidas sabe-se bem de onde, enquanto me reparavas peças avariadas sabe-se pouco porquê.

- Morde aqui. Joguei à macaca contigo no tempo. A pedra, o saber estar das nossas línguas no aconchego dos minutos. Cada salto um beijo.

- Agora estás a sorrir.

- Me

- Coisa gémea. Conheço-te as ancas de cor. Mesmo quando são as ancas da boca.

- Tinhas sede. Inundação.

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